Respeito aos mortos
No Show da vida de ontem, foi exibida uma matéria sobre o tal traficante da Rocinha cujo corpo foi levado em um carrinho de mão empurrado por um policial militar. Mostraram que aquele traficante tinha irmãos e mãe, que estudou até os 14 anos, enfim, que era um ser humano e que mereceria respeito pelo menos quando morto; o que seria uma marca de nossa civilização.
Que bela civilização, não? Corpos queimados de montão: fogueiras da inquisição, microondas do Elias Maluco até os corpos de mercenários americanos carbonizados no Iraque. Mas os mortos... esses merecem respeito. Esquartejados também não faltam: Elias Maluco, doutor Farah (o médico paulista que esquartejou a amante), índios cinta-larga (?), etc. Mas os mortos....ah, os mortos, por favor, mais respeito!
Enquanto o tal traficante 'aplica' na polícia, o excelentíssimo deputado Fernando Gabeira fuma algum sapato que trouxe da Holanda, mas é só aparecer o seu fornecedor descendo o morro, tal como um saco de esterco, que ele foi para o congresso protestar.
Não, não sou a favor do esquadrão da morte, muito pelo contrário. Não creio que o Estado deva utilizar táticas similares às dos bandidos -assim como faz Israel. Porém, é muita hipocrisia querer que isolassem o local onde o corpo estava para que a perícia fosse lá fazer a análise, uma vez que a polícia mal conseguia subir o morro sem que 'aplicassem' nela.
Nossa sociedade é avacalhada, a favela é um ícone da avacalhação na qual vivemos. Não, não conterão suas expansões. Já viram o que ocorre quando, por determinação judicial, tentam expulsar algumas famílias de favelas que estão começando? Logo aparece algum deputado tipo o senhor Lindberg Farias ou Mink (sacos de pancadas oficiais de polícia) defendendo aquelas pobres famílias que só estão procurando um lugar para morar.
Obviamente que esses senhores não vão aos enterros dessas pessoas quando morrem soterradas. Também se esquecem que eles tem sim boa parcela de culpa nessa crise da Rocinha. O assunto é complexo demais para um só texto, mas já se faz necessário acabarmos com um ranço 'brizolista' (populista também cabe!), segundo o qual, polícia não combina com favela. Favela é um lugar de trabalhadores pobre coitados e a Polícia é uma instituição que maltrata os trabalhadores.
Nenhuma das duas afirmações é completamente falsa; porém, você também não acha nenhum problema que a empregada doméstica que trabalha na sua case more na Rocinha. É uma moça de bem, assim como a maioria absoluta que lá está. Morar em favela não está correto. É evidente que o sistema de transporte público é deficiente, sabemos disso. Mas porque alguns menos espertos vão morar em Bangu, mesmo trabalhando na Zona Sul ou no Centro? Por que só os espertões podem morar a 10 minutos do trabalho? Se aquela área ali não fosse tomada pelo tráfico, certamente seria uma das mais valorizadas da cidade. O Vidigal então, nem se fala...
O que eu digo é o seguinte: "Ah, vou aumentar meu barraquinho na favela" não é charmoso, engraçadinho nem digno de pena. Porém, nos habituamos a ver tal situação assim, somos parte dessa avacalhação. É justamente aquele ambiente de total promiscuidade, de falta de urbanização que dificulta muito uma maior presença do Estado nessas áreas.
Enfim, favela não é algo simpático. É sim algo a ser combatido, a começar por tentar de todas as formas inibir o aparecimento de novas. Na barra mesmo, é chocante o crescimento das favelas. Nenhuma autoridade faz nada para impedir. Daqui a 20 anos estaremos assistindo às mesmas reportagens. Quem mora em favela tem que procurar sair de lá e ir morar com dignidade. Mais longe, em um lugar mais feio, é verdade, mas com mais dignidade; assim como em qualquer outro lugar do mundo.
Vale lembrar que, quem está morando ali paga razoavelmente caro, tem DVD, TV 29" e vários outros artigos de luxo que muita gente que mora nas periferias não tem.
Favela pode ser muito simpático, bonito e exótico para os turistas que chegam no Rio e vão a excursões pelas favelas. Pena que enquanto estamos aqui nos escondendo das balas, eles estão nos aviões voltando pra casa.
Antes que eu me esqueça: não estou defendendo a exterminação da Rocinha, esta já é caso perdido. Décadas e décadas de favela-bairro ali pra ver se melhora alguma coisa. Todo meu protesto fica para as novas favelas que crescem sob a tutela de políticos demagogos que, principalmente em ano de eleições, defendem com unhas e dentes esses 'novos moradores'.
Que bela civilização, não? Corpos queimados de montão: fogueiras da inquisição, microondas do Elias Maluco até os corpos de mercenários americanos carbonizados no Iraque. Mas os mortos... esses merecem respeito. Esquartejados também não faltam: Elias Maluco, doutor Farah (o médico paulista que esquartejou a amante), índios cinta-larga (?), etc. Mas os mortos....ah, os mortos, por favor, mais respeito!
Enquanto o tal traficante 'aplica' na polícia, o excelentíssimo deputado Fernando Gabeira fuma algum sapato que trouxe da Holanda, mas é só aparecer o seu fornecedor descendo o morro, tal como um saco de esterco, que ele foi para o congresso protestar.
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Não, não sou a favor do esquadrão da morte, muito pelo contrário. Não creio que o Estado deva utilizar táticas similares às dos bandidos -assim como faz Israel. Porém, é muita hipocrisia querer que isolassem o local onde o corpo estava para que a perícia fosse lá fazer a análise, uma vez que a polícia mal conseguia subir o morro sem que 'aplicassem' nela.
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Nossa sociedade é avacalhada, a favela é um ícone da avacalhação na qual vivemos. Não, não conterão suas expansões. Já viram o que ocorre quando, por determinação judicial, tentam expulsar algumas famílias de favelas que estão começando? Logo aparece algum deputado tipo o senhor Lindberg Farias ou Mink (sacos de pancadas oficiais de polícia) defendendo aquelas pobres famílias que só estão procurando um lugar para morar.
Obviamente que esses senhores não vão aos enterros dessas pessoas quando morrem soterradas. Também se esquecem que eles tem sim boa parcela de culpa nessa crise da Rocinha. O assunto é complexo demais para um só texto, mas já se faz necessário acabarmos com um ranço 'brizolista' (populista também cabe!), segundo o qual, polícia não combina com favela. Favela é um lugar de trabalhadores pobre coitados e a Polícia é uma instituição que maltrata os trabalhadores.
Nenhuma das duas afirmações é completamente falsa; porém, você também não acha nenhum problema que a empregada doméstica que trabalha na sua case more na Rocinha. É uma moça de bem, assim como a maioria absoluta que lá está. Morar em favela não está correto. É evidente que o sistema de transporte público é deficiente, sabemos disso. Mas porque alguns menos espertos vão morar em Bangu, mesmo trabalhando na Zona Sul ou no Centro? Por que só os espertões podem morar a 10 minutos do trabalho? Se aquela área ali não fosse tomada pelo tráfico, certamente seria uma das mais valorizadas da cidade. O Vidigal então, nem se fala...
O que eu digo é o seguinte: "Ah, vou aumentar meu barraquinho na favela" não é charmoso, engraçadinho nem digno de pena. Porém, nos habituamos a ver tal situação assim, somos parte dessa avacalhação. É justamente aquele ambiente de total promiscuidade, de falta de urbanização que dificulta muito uma maior presença do Estado nessas áreas.
Enfim, favela não é algo simpático. É sim algo a ser combatido, a começar por tentar de todas as formas inibir o aparecimento de novas. Na barra mesmo, é chocante o crescimento das favelas. Nenhuma autoridade faz nada para impedir. Daqui a 20 anos estaremos assistindo às mesmas reportagens. Quem mora em favela tem que procurar sair de lá e ir morar com dignidade. Mais longe, em um lugar mais feio, é verdade, mas com mais dignidade; assim como em qualquer outro lugar do mundo.
Vale lembrar que, quem está morando ali paga razoavelmente caro, tem DVD, TV 29" e vários outros artigos de luxo que muita gente que mora nas periferias não tem.
Favela pode ser muito simpático, bonito e exótico para os turistas que chegam no Rio e vão a excursões pelas favelas. Pena que enquanto estamos aqui nos escondendo das balas, eles estão nos aviões voltando pra casa.
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Antes que eu me esqueça: não estou defendendo a exterminação da Rocinha, esta já é caso perdido. Décadas e décadas de favela-bairro ali pra ver se melhora alguma coisa. Todo meu protesto fica para as novas favelas que crescem sob a tutela de políticos demagogos que, principalmente em ano de eleições, defendem com unhas e dentes esses 'novos moradores'.
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