quarta-feira, julho 16, 2003

Discussão em alto nível

Ao participar de uma conferência da 55ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o sociólogo Francisco de Oliveira, da USP, um dos fundadores do PT, afirmou que o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, "é um imbecil" quanto tenta "fazer uma escolha racional estratégica" na reforma da Previdência. [...]

- O Collor fez besteira. O FHC tripudiou. E agora, Lula está seguindo o mesmo caminho. Falta, hoje, um pensamento original sobre a nossa sociedade como já foi feito por Furtado - disse.[...]

- Estão tentando de novo no país ter uma escolha racional estratégica. Será que o Berzoini é tão sofisticado a esse ponto? Não. Ele é um imbecil. Não dá para pensar em uma medida com projeção daqui a 30 anos com essa sociedade abissal.

O GLOBO

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Lamentável que um sociólogo da USP discuta matérias tão importantes nesse nível tão baixo. Digno de alguém que está desesperado com a possibilidade de perder privilégios injustos. Esse argumento de "não mudemos nada enquanto houver miseráveis no país" é patético e completamente sem sentido. Segue a mesma linha do famoso "vamos fazer o bolo crescer para depois dividí-lo". Ou seja, comentários de quem, na verdade, não quer mudança alguma. No caso específico da previdência, não há nem o que ser discutido; é uma questão de justiça. O que ocorre atualmente neste país é uma vergonha. É impossível discursar a favor de direitos dos menos favorecidos e ser a favor de aposentadoria integral para os servidores públicos, que em muitos casos ganham mais aposentados do que na época em que trabalhavam. Fato este que, pasmem, só ocorre no Brasil. Também não sabia, mas foi o que disse Ricardo Amorim, no Manhattan Connection desse último sábado.

Mas somos assim mesmo, né? Fomos o último país do mundo a acabar com o "direito adquirido de possuir escravos", agora seremos (se os intocáveis magistrados e políticos populistas não conseguirem impedir) o último país a terminar com essa sem-vergonhice.

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Sobre o tema, vale a pena ler esse artigo escrito por Maílson da Nobrega, publicado no Estadão em fevereiro deste ano.

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