segunda-feira, agosto 04, 2003

Contatos não tão imediatos...

Já estou sem Internet há vários dias. Para ser sincero, nem me recordo mais quando foi a última vez que a conexão estava funcionando normalmente (perfeitamente, nunca!). Desde que voltei de viagem, só me recordo de ter ficado algumas horas com a Internet funcionando, tempo suficiente para avisar a alguns sobre os regalos que trouxe e para me despedir de MJ, que foi tomar chá com a rainha Elisabeth. Na verdade, a intenção dela era jogar uma partida de golfe com o príncipe William; mas como o rapaz só quer saber de fumar ‘unzinho’, MJ teve que se contentar com a companhia da rainha.

Quanto a minha abstinência (de Internet!), tem sido boa em vários aspectos; mas em compensação ando 'desinformadíssimo'. Não tenho lido o New York Times, The Guardian, o Washington Post, nem mesmo o Herald’s de Guinea Bissau! Fico muito nervoso quando sinto que a vida está passando, as coisas acontecendo, e eu não estou sabendo delas. A quantas anda a bolsa de Kuala Lumpur, meu Deus!? Como a Net (TV a cabo) também está fora do ar há algum tempo, além de não poder me informar pela ‘grande rede’, não tenho visto nem mesmo os telejornais. Em um dos poucos momentos em que pude assistir a um telejornal (era local!), vi que Edilásio Barra (ex-Edilásio Jr), figura ilustre da alta sociedade carioca, sofreu um acidente grave de carro exatamente aqui atrás de casa. Por coincidência, justamente na madrugada em que a Net saiu do ar. Edilásio passa bem, a Net morreu. Será que foi esse o motivo da Net sair do ar?! Será que Edilásio é quem está tentando me calar nesses últimos tempos? Afinal, que diabos estaria Edilásio Barra fazendo na Lagoa? Até onde me consta, Edilásio até hoje só esteve no Acre (onde nasceu), na cidade de Roque Santeiro, depois disto ele dormia nas boates em que fazia o programa VIP (apresentado na CNT) e agora, no ápice, reside na Barra. Encontrou-se tanto nesse 'charmosíssimo' bairro carioca que resolveu incorporá-lo ao próprio nome.

Falando em Barra, fui outro dia lá na Fnac para mandar imprimir algumas fotos digitais da viagem. A família não admite essa idéia de tirar fotos e não tocá-las. Não, o objetivo não é colocá-las em porta retratos, exigem a impressão somente por ‘tradição’, uma vez que vão para o fundo de uma gaveta (as fotos!) e nunca mais serão vistas –o que, na prática, não é diferente de deixá-las no computador, ou armazená-las em um CD. Mas tudo bem, o dinheiro gasto naquela bobagem não seria o meu mesmo, satisfiz assim o desejo dos familiares de tocar em fotos. O prazo para a impressão é de 48 horas e o preço é 1 real por foto. Sinceramente, achei muito demorado. É só imprimir (e foram pouquíssimas fotos, umas 10), não sei pra que tanto tempo. Tudo bem, voltei dois dias depois na hora prometida para a entrega, mas ainda assim não estava pronto. Acabou que resolvi dar uma volta na Fnac enquanto acabavam de imprimir as fotos (nem deviam ter começado! Eram só 10!). Comprei o livro do Mauro Rasi –o novo, a coletânea de crônicas, que já praticamente terminei, é excelente!. Comprei também um do Paulo Francis e duas revistas. Fui ali para o Franz Café, aproveitei que estava vazio para tranquilamente tomar um café e folhear as revistas. Pra quê? Havia me esquecido que estava na Barra...

Devo ser uma espécie de Manga, saudoso goleiro do glorioso (naquela época) Botafogo e da seleção brasileira. Ele foi jogar no Paraguai (se não me falha a memória!) e quando voltou não sabia mais falar português, mas também não havia aprendido o espanhol. Resumindo, ficou uma espécie de surdo-murdo não deficiente. Hoje em dia, o maior exemplo que temos deste fenômeno é o Aldair, que desaprendeu o idioma de Camões mas também não parla Italiano. Creio que pertenço a mesma espécie que eles, pois já havia me esquecido como era a Barra e seus hábitos. Santa ingenuidade a minha, achar que, assim como fiz durante a viagem, seria possível sentar em um café dentro de alguma livraria e, em paz, comer alguma coisa e ler um pouco. Nada disso, nada disso.

Pedi um café e uma quiche lorraine. Antes mesmo que eu pudesse abrir a revista, o local já estava cheio e o barulho era ensurdecedor. Meu pedido chegou (o café só estava mais quente que a quiche) junto com um sujeito vestido de calça jeans colada (à lá sertanejo), camisa preta colada no melhor estilo “mamãe sou forte”, um lindo colar de ouro pendurado no pescoço e um celular de última geração na orelha. Adivinhem! Não, não era um pagodeiro! Última chance... acertou, era um jogador de futebol. Na verdade, um ex-jogador de futebol: Fabinho, ex-seleção, ex-Flamengo, ex-Cruzeiro etc. Sei que o sujeito gritava tanto que o celular era mero objeto de decoração. Certamente a pessoa com quem ele falava (se é que tinha alguém) não precisava do telefone para escutá-lo. Enfim, o garçom toda hora vinha aporrinhar para que eu pedisse mais alguma coisa (fato para o qual também tive que me rehabituar), o barulho era tão grande e chato que rapidamente decidi pedir a conta e fugir dali. Lamentavelmente, na Barra (a Miami brasileira!), Cafés não se diferenciam em nada dos Bob’s. Talvez a única diferença seja que no Bob’s a comida e os preços sejam mais honestos. O fato de ter escapado daquele ambiente antes que meus tímpanos sofressem algum dano irreversível foi motivo de grande alívio. Parecido com a famosa (chata e muito repetida) história do bode na sala.

Essa mesma sensação toma conta de mim quando atravesso o Zuzu Angel (Jesus! Tanto nome pra botar num túnel...) e caio na Gávea, dá uma sensação de civilidade...dura pouco, mas dá. Deve ser a mesma coisa que leva um Alemão a adorar visitar as favelas cariocas, quando ele volta para aquela chatice alemã, acha que está no paraíso. É a mesma técnica adotada pela Net, e pelo governo Lula. O sinal estava uma porcaria, há muito tempo que todo mundo aqui reclama como a qualidade do sinal piorou, a Internet vira e mexe saía do ar, agora tiraram do ar de vez. Só vejo chuvisco na televisão e as luzes do modem piscando há dias. Quando voltar, vou achar que está uma maravilha.

Tá, mas e o governo Lula? Bom, o governo tem se vangloriado, dia após dia, de ter sanado uma crise gravíssima em que o Brasil estava no início do ano, de ter conseguido retomar as rédeas ‘da nação’. Todo mundo tá achando ‘bacana’ o esforço do governo. Estamos andando pra trás, mas vejam só, não está tão mal assim, o risco Brasil desceu junto com o dólar! Isso dito pelo mesmo PT que sempre criticou a política de juros altos para combater inflação e sempre disse que o crescimento do país não pode ser sacrificado para atender às vontades dos ‘mercados internacionais’ (entidade satanizada até então). Fato é que os números de hoje são todos piores do que os do início do ano passado, o que nos leva a concluir que o motivo do pânico geral foi justamente a chegada do PT no governo, o medo que aquelas declarações extremamente irresponsáveis e populistas fossem postas em prática. Agora tiraram o bode da sala...

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