O primeiro personagem:
Vovô garoto:
Por volta dos seus quarenta anos, uma de suas frases prediletas é: “Eu não me sinto com a idade que tenho. Minha cabeça é jovem, não reflete a idade do meu corpo”. Além de achar que isso é uma vantagem, ele insiste em falar isso para todo mundo, mesmo que ninguém tenha perguntado nada. É como um mantra.
Costuma usar roupas fashion. Óculos estilo “Renato Gaúcho”, dobra as mangas das camisas de mangas curtas -principalmente das brancas (não me pergunte o porquê). Também tem certa atração por camisas coladas ao corpo, do tipo “mamãe sou forte”. O cabelo já apresenta um tom grisalho. Graças a isso, ele se acha parecido com o Richard Gere.
É solteiro, classe média alta, e possui um carrão. Este é seu principal artifício de sedução das menininhas que poderiam ser filhas dele. É adepto a coisas exóticas, tais como yoga, incensos, massagens orientais etc. Enfim, qualquer coisa que diga ser contra o envelhecimento -afinal, ele ainda não se conformou com a idade que tem. Dentro dessa linha, ele é adepto a uma saladinha na hora do almoço.
É metidão a atleta, mas se for para impressionar uma gatinha, ele fuma um cigarrinho de maconha. Faz sentir-se mais jovem. Também se esquece que, ao entardecer, quando está desacompanhado de alguma ninfetinha, toma seu uísque, de short e sem camisa, sentado em uma cadeira de palha na varanda. Tudo para “desestressar” e poder, cada vez mais, ficar com esse corpaço -que só ele acha que tem.
Quando quer caçar gatinhas solícitas (como ele diz), passa horas na frente do espelho se olhando, a fim de apreciar toda sua beleza. Depois, liga para algum conhecido que seja vinte anos mais moço e pergunta “qual a boa da noite” e -pasmem- com que roupa ele fica legal. A pergunta é meio sem nexo, afinal, ele vai sair com o uniforme de sempre. Ao chegar na frente da boate, primeiro dá uma desfilada na frente da mesma com o seu carrão -tal como se fosse um cânter. Assim que sai do seu “abatedouro” (como fala do carro para os amigos de pelada), põe os óculos escuros, e, enfim, entra na boate. Não perde muito tempo: vai direto comprar sua bebida e, com o copo na mão (muito importante), se aproxima da vítima. Com todo o seu charme e cheio de ginga, fala: “E aí, princesa? Qual vai ser?”. Diz que não pode demorar muito porque ele não confia seu carrão a manobristas e deixou sua Mercedes em fila tripla. Três horas depois, ele ainda está lá dentro jogando a mesma conversinha para as outras moças -nem pensar alguém da idade dele. Acaba seduzindo uma louraça, completamente oxigenada e que tem página na Internet anunciando seus serviços. Ele vai pra pista com ela para dançarem juntos. Na verdade, quem dança é ela. Ele somente a agarra pela cintura, por trás, exibindo-a como se fosse um troféu. Depois de dar meia dúzia de beijos na mocinha, ele pega o número de telefone dela e anota num guardanapo de papel. Ela percebe que o vovô só está a fim de desfilar, então diz pra ele que ela tem que ir.
Infelizmente já são quatro horas da manhã e o nosso amigo vai para casa desacompanhado. Mas isso é apenas um detalhe. Na cabeça dele, todas as mulheres deram bola e estavam louquinhas por ele, e a louraça era a mais bela do recinto. Pena que ele tem trabalho às oito da manhã e não pode levá-la para seu “apê”.
Chega no trabalho usando óculos escuros para tentar esconder sua cara pra lá de estragada. As pessoas chegam, o cumprimentam e seguem suas vidas. Ele já está se sentindo péssimo por ninguém ainda ter perguntado o motivo para aquele ar de cansado. Então se dirige ao colega da mesa ao lado e fala:
― Aí, ô veadinho. ― É assim que ele chama as pessoas quando tenta demonstrar certa intimidade. Porém, como já era de se esperar, não obtém resposta. Tenta mais uma vez:
― Porra, Sérgio, tô falando contigo. ― Dando um "cutucão" no ombro do colega.
― Ah! Fala. ― Continua a prestar atenção no que está fazendo. Sequer olhou para o vovô.
― Putz, não dormi nada. Diz aí, tô com uma cara muito cansada?
― Ahn?
― Porra cara, olha pra mim, diz se tô com uma cara de muito cansado?
― Ah, nem, nem. Desencana. ― Tendo olhado menos de 1 segundo pro vovô e voltado a fazer suas atividades.
― Que isso cara, não tô com muita olheira não? ― Tira os óculos escuros.
― É, tá com um pouco sim. ― Pronto! Era tudo o que o vovô queria.
― Putz, eu sabia! Nem te conto cara, essa noite cheguei em casa às cinco e meia da manhã ― O exagero no horário é natural. É quase inconsciente.
― Nossa cara, que isso. ― Tentando encerrar o assunto e poder continuar a trabalhar.
― Pois é Serjão! Fui a um inferninho! Você precisava ver a mulherada. Rapaz, coisa de louco. Só ninfetinha gata. E o melhor, todas facinhas. Que loucura.
― Hehe
― Peguei uma louraça, rapaz...você precisava ver. Aliás, acho até que estou com o telefone dela aqui, pera aí. ― Começa a fingir que está procurando (pois ele sabe muito bem onde está) e, então, finalmente tira do bolso da calça o guardanapo com o telefone da “mocinha”.
― Aqui Sérgio, aqui ó! Sirlene. Pô, o nome é caído, mas você precisava ver que gata.
― Legal, hein, cara? Diz uma coisa, você viu o Ricardo hoje aqui? To precisando falar urgente com ele, tô cheio de coisa aqui pra fazer, e ele não apareceu até agora.
― Ih, nem vi. Ainda estou com a cabeça na noitada. Ainda não cheguei aqui. Mas então, como eu tava te falando, e o bundão que ela tinha?! Que era aquilo, rapaz? Eu vou fazer misérias com aquele material! Sabe como é, né? Ela tava doidinha pra ir pro meu apartamento, só que já eram cinco da manhã e eu falei que hoje não ia dar, mas vou ligar pra ela sexta-feira.
E ele continua a alugar o coitado do colega até a hora do almoço -sem ter trabalhado nada até então. Sérgio, com a paciência esgotada, dá um jeito de desvencilhar-se e vai almoçar em outro lugar. Nem por isso o dia do nosso vovô garoto vai ficar chato (ter que trabalhar). Simplesmente que voltando do almoço, ele encontra o office-boy do escritório na porta de uma game house. Pronto, mais uma vítima para as histórias do nosso personagem. Agora o vovô tem o que fazer até a hora de ir embora para casa.
E lá se foi mais um dia deveras produtivo de um dos personagens da sitcom que essa moça vai fazer um dia.
*****
Quando vai atacar as ninfetinhas, em vez de segurar o copo de bebida na mão, o vovô garoto pode estar munido de uma cerveja long neck.
Vovô garoto:
Por volta dos seus quarenta anos, uma de suas frases prediletas é: “Eu não me sinto com a idade que tenho. Minha cabeça é jovem, não reflete a idade do meu corpo”. Além de achar que isso é uma vantagem, ele insiste em falar isso para todo mundo, mesmo que ninguém tenha perguntado nada. É como um mantra.
Costuma usar roupas fashion. Óculos estilo “Renato Gaúcho”, dobra as mangas das camisas de mangas curtas -principalmente das brancas (não me pergunte o porquê). Também tem certa atração por camisas coladas ao corpo, do tipo “mamãe sou forte”. O cabelo já apresenta um tom grisalho. Graças a isso, ele se acha parecido com o Richard Gere.
É solteiro, classe média alta, e possui um carrão. Este é seu principal artifício de sedução das menininhas que poderiam ser filhas dele. É adepto a coisas exóticas, tais como yoga, incensos, massagens orientais etc. Enfim, qualquer coisa que diga ser contra o envelhecimento -afinal, ele ainda não se conformou com a idade que tem. Dentro dessa linha, ele é adepto a uma saladinha na hora do almoço.
É metidão a atleta, mas se for para impressionar uma gatinha, ele fuma um cigarrinho de maconha. Faz sentir-se mais jovem. Também se esquece que, ao entardecer, quando está desacompanhado de alguma ninfetinha, toma seu uísque, de short e sem camisa, sentado em uma cadeira de palha na varanda. Tudo para “desestressar” e poder, cada vez mais, ficar com esse corpaço -que só ele acha que tem.
Quando quer caçar gatinhas solícitas (como ele diz), passa horas na frente do espelho se olhando, a fim de apreciar toda sua beleza. Depois, liga para algum conhecido que seja vinte anos mais moço e pergunta “qual a boa da noite” e -pasmem- com que roupa ele fica legal. A pergunta é meio sem nexo, afinal, ele vai sair com o uniforme de sempre. Ao chegar na frente da boate, primeiro dá uma desfilada na frente da mesma com o seu carrão -tal como se fosse um cânter. Assim que sai do seu “abatedouro” (como fala do carro para os amigos de pelada), põe os óculos escuros, e, enfim, entra na boate. Não perde muito tempo: vai direto comprar sua bebida e, com o copo na mão (muito importante), se aproxima da vítima. Com todo o seu charme e cheio de ginga, fala: “E aí, princesa? Qual vai ser?”. Diz que não pode demorar muito porque ele não confia seu carrão a manobristas e deixou sua Mercedes em fila tripla. Três horas depois, ele ainda está lá dentro jogando a mesma conversinha para as outras moças -nem pensar alguém da idade dele. Acaba seduzindo uma louraça, completamente oxigenada e que tem página na Internet anunciando seus serviços. Ele vai pra pista com ela para dançarem juntos. Na verdade, quem dança é ela. Ele somente a agarra pela cintura, por trás, exibindo-a como se fosse um troféu. Depois de dar meia dúzia de beijos na mocinha, ele pega o número de telefone dela e anota num guardanapo de papel. Ela percebe que o vovô só está a fim de desfilar, então diz pra ele que ela tem que ir.
Infelizmente já são quatro horas da manhã e o nosso amigo vai para casa desacompanhado. Mas isso é apenas um detalhe. Na cabeça dele, todas as mulheres deram bola e estavam louquinhas por ele, e a louraça era a mais bela do recinto. Pena que ele tem trabalho às oito da manhã e não pode levá-la para seu “apê”.
Chega no trabalho usando óculos escuros para tentar esconder sua cara pra lá de estragada. As pessoas chegam, o cumprimentam e seguem suas vidas. Ele já está se sentindo péssimo por ninguém ainda ter perguntado o motivo para aquele ar de cansado. Então se dirige ao colega da mesa ao lado e fala:
― Aí, ô veadinho. ― É assim que ele chama as pessoas quando tenta demonstrar certa intimidade. Porém, como já era de se esperar, não obtém resposta. Tenta mais uma vez:
― Porra, Sérgio, tô falando contigo. ― Dando um "cutucão" no ombro do colega.
― Ah! Fala. ― Continua a prestar atenção no que está fazendo. Sequer olhou para o vovô.
― Putz, não dormi nada. Diz aí, tô com uma cara muito cansada?
― Ahn?
― Porra cara, olha pra mim, diz se tô com uma cara de muito cansado?
― Ah, nem, nem. Desencana. ― Tendo olhado menos de 1 segundo pro vovô e voltado a fazer suas atividades.
― Que isso cara, não tô com muita olheira não? ― Tira os óculos escuros.
― É, tá com um pouco sim. ― Pronto! Era tudo o que o vovô queria.
― Putz, eu sabia! Nem te conto cara, essa noite cheguei em casa às cinco e meia da manhã ― O exagero no horário é natural. É quase inconsciente.
― Nossa cara, que isso. ― Tentando encerrar o assunto e poder continuar a trabalhar.
― Pois é Serjão! Fui a um inferninho! Você precisava ver a mulherada. Rapaz, coisa de louco. Só ninfetinha gata. E o melhor, todas facinhas. Que loucura.
― Hehe
― Peguei uma louraça, rapaz...você precisava ver. Aliás, acho até que estou com o telefone dela aqui, pera aí. ― Começa a fingir que está procurando (pois ele sabe muito bem onde está) e, então, finalmente tira do bolso da calça o guardanapo com o telefone da “mocinha”.
― Aqui Sérgio, aqui ó! Sirlene. Pô, o nome é caído, mas você precisava ver que gata.
― Legal, hein, cara? Diz uma coisa, você viu o Ricardo hoje aqui? To precisando falar urgente com ele, tô cheio de coisa aqui pra fazer, e ele não apareceu até agora.
― Ih, nem vi. Ainda estou com a cabeça na noitada. Ainda não cheguei aqui. Mas então, como eu tava te falando, e o bundão que ela tinha?! Que era aquilo, rapaz? Eu vou fazer misérias com aquele material! Sabe como é, né? Ela tava doidinha pra ir pro meu apartamento, só que já eram cinco da manhã e eu falei que hoje não ia dar, mas vou ligar pra ela sexta-feira.
E ele continua a alugar o coitado do colega até a hora do almoço -sem ter trabalhado nada até então. Sérgio, com a paciência esgotada, dá um jeito de desvencilhar-se e vai almoçar em outro lugar. Nem por isso o dia do nosso vovô garoto vai ficar chato (ter que trabalhar). Simplesmente que voltando do almoço, ele encontra o office-boy do escritório na porta de uma game house. Pronto, mais uma vítima para as histórias do nosso personagem. Agora o vovô tem o que fazer até a hora de ir embora para casa.
E lá se foi mais um dia deveras produtivo de um dos personagens da sitcom que essa moça vai fazer um dia.
Quando vai atacar as ninfetinhas, em vez de segurar o copo de bebida na mão, o vovô garoto pode estar munido de uma cerveja long neck.
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