sábado, novembro 09, 2002

Cada dia mais anti-social...

Cada dia que passa eu escuto que estou cada vez mais anti-social. Vamos aos fatos:

Nessa sexta-feira, fui a um show (pois é, meus amigos! Estão vendo como estou me fazendo presente em eventos sociais?) e confesso que talvez não tenha sido uma boa pedida o programa. Por quê? Ora, vocês conseguem me explicar o porquê de aplaudirem quando a música começa? Tipo “Ah, eu conheço!!!”? E cantar junto? Eu não comprei ingresso para te ouvir cantando, cara pálida! Ainda está muito genérico...deixe-me detalhar:

A pessoa que foi comprar ingresso pra mim, me ligou perguntando se eu realmente iria querer, uma vez que só tinha ingresso praticamente nos últimos lugares. Como eu não tinha nada para fazer hoje, e essa seria a forma de eu salvar minha sexta-feira, falei que tudo bem, poderia comprar assim mesmo. Bem, ao chegar no local, percebi o porquê da dúvida se comprava ou não os ingressos. O local não era ruim, era péssimo. Pior que ingresso ganho em promoção. O assento era desconfortável (muito). Era tão apertado que, junto com o ingresso, deveriam ter avisado para levar caneleira. Afinal, a canela batia na poltrona (quanta boa vontade chamar aquilo de poltrona...) da frente. Caso alguém quisesse passar, você era obrigado a se levantar...sair até o final da fileira para que o sujeito passasse. Mas tudo bem, meu assento era bem no meio da fileira e, portanto, não tive problemas com pessoas querendo passar.

Calma, senhores, antes que vocês venham me acusar, injustamente, de só reclamar, eu digo: O ar-condicionado era fantástico. Obviamente que ouvi várias reclamações a respeito da temperatura, por parte de moças seminuas. Ha! Não tinham como “pedir para abaixar” ou irem as próprias enfiar a mão no botão de desligar. Genial! Para que vocês vejam como era bom, saí do show sem ter derramado uma gota de suor! Fato raríssimo. Enfim, voltando às reclamações:

Estava previsto para começar às 21h, e como já eram 20h40, fiquei no meu lugar aguardando o povo entrar. Como sempre, as pessoas só começaram a resolver chegar às 21h e o show só começou 21h30. Foi aí que eu descobri que estava tudo muito bom até aquele momento, pois, sem saber, eu havia comprado um ingresso para assistir a dois shows ao mesmo tempo. O do cantor que estava lá na frente (tão na frente que eu mal podia vê-lo), e o do casal atrás de mim! Logo na primeira música eu percebi a fria que eu tinha me metido. Encurralado no meio da fileira, todos os lugares lotados, e sentado na frente de dois cantores frustrados.
Ai que ódio...

Além de gritinhos “Wooow!!!”, a dupla tecia comentários a respeito do show. Durante as músicas. Aliás, comentários não. Eram verdadeiras discussões com apresentação de vários pontos de vistas e referências distintas sobre os mais diversos assuntos. Desde o traje dos integrantes do grupo até a vida pessoal dos músicos....ai, ai, ai. Mas enfim, lá estavam eles dois...alegres, descontraídos (ah!!!), tal como se estivessem na sala de suas casas. Pensando melhor, no chuveiro. Porque a mulher, cantora da dupla, cantava muito mal e muito errado. Sabe daquelas que de cada 30 palavras ela sabe 10? E as que não sabe são substituídas por palavras emendadas, ou “la di da” ? Pois é. Mas numa coisa ela era boa: impostação de voz. O som daquela bela voz chegava muito mais alto aos meus ouvidos do que a voz do cantor -que eu mal conseguia escutar, mas era possível ver que estava sempre fora de sincronia com o que a moça cantava. O marido era o...o...bem, lamentável lembrar, mas eu preciso fazer o registro...ele era o percussionista da dupla. O cara batucava!

Por favor, senhores! Eu que sou o anti-social? Ou anti-social são esses seres não civilizados que não entendem que as outras pessoas podem não estar a fim de desfrutar do seu talento?

*****


Bem, sei o seguinte...ainda em relação a minha falta de “sociabilidade”, devo confessar que talvez eu esteja cada dia mais complicado de se conviver. Intolerante talvez... mas eu não chamaria de anti-social, tendo em vista que uma das coisas que eu mais gosto é sair para conversar. Sim! Interagir com as pessoas!!! Literalmente “trocar idéias” (odeio essa expressão, mas devido ao cansaço mental não vou pensar em nenhuma melhor). Para mim, pouquíssimos são os programas que me agradam mais do que ir pra algum bar conversar, ou mesmo na casa de algum amigo. Adoro uma discussão, discussões são saudáveis, fazem as pessoas crescerem. Não estou falando de briga, nem de falta de respeito. Estou falando de discutir idéias. Acredito que essa seja a melhor forma de ser “sociável”. Só que, hoje em dia, se você não gosta de ir bater cabeça em boite ou fazer programas em grupo, você é taxado de anti-social. O bom é não ficar pensando sobre nada. O legal é encontrar a galera (quem usa essa expressão você já pode descartar) e um ficar olhando pra cara do outro...o outro olha pra cara do um, e o ideal é que esteja tocando uma música bem alta, porque assim acaba com a necessidade de diálogo. Ninguém precisa se submeter ao tremendo esforço de ter que pensar em alguma coisa para falar.

Em relação aos programas em grupo, sim, não gosto. É um porre. Falo daqueles esquemas meio farofeiros, sabe? Esquemas que envolvem “comboios”. Sempre sai complicado essas coisas. Ninguém consegue falar com ninguém, sempre tem uma turminha desagradável que você tem que fingir aturar, para não criar um clima constrangedor, enfim...é muito melhor você sair em pequenos grupos. Você não, eu.

*****


Enfim, chego a conclusão que realmente não sou sociável como as pessoas gostariam que as outras fossem, e que realmente, cada dia que passa, estou me tornando mais difícil de se conviver. Só faço questão de estar com pessoas que eu realmente gosto e também só faço questão que estas pessoas me aturem. E isso também vale para a vida “amorosa”. Pena que eu ainda não tenha encontrado nenhuma "louca anti-social" que me aguentasse por mais de 3 anos. As senhoritas ex-indiganadas estão aí para contar... Mas isso já é história para contar em outra ocasião, em outro post, para outras pessoas, não vocês.

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