Visão da realidade

Outro dia assisti, no GNT, ao documentário brasileiro Janela da Alma. Um visitante chegou a deixar um comentário em um post aí de baixo dizendo que 'tem um cego francês falando da vida dele no gnt'. Tratava-se de Eugen Bavcar, filósofo e fotógrafo. Como filósofo até 'pode ser'; mas, sinceramente, fotógrafo cego ainda não dá pra engolir não.

O documentário de aproximadamente 1h15 de duração tem direção de João Jardim e Walter Carvalho. Vale a pena ser visto e será novamente exibido no GNT no dia 17/09 às 21h30 e no dia 18/09 às 04h30 (aí tem que gravar). O tema é bastante interessante: como cada um vê a realidade, e por isso entrevistam muitos cegos. Só senti falta de terem entrevistado algum cego que nunca tenha enxergado, pois esse certamente vive num mundo bem diferente daqueles que já enxergaram.

Há alguns depoimentos bastante interessantes, como os de Saramago e do cineasta alemão Wim Wenders (Paris, Texas), que falou as coisas mais interessantes do documentário. Entre outras coisas que Wenders aborda é como o excesso de imagens afeta a percepção. Antigamente os filmes eram mais abertos à imaginação do espectador, hoje em dia os filmes são todos 'fechados', já vêem completamente prontos, segundo Wenders. Fantástico. São os famosos filmes em linguagem video-clipe.

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Em outra passagem, Wenders comenta que, quando criança, gostava de fechar os olhos e tentar ficar dessa forma pelo maior tempo possível em casa, para ter a experiência de ser cego. Nunca conseguiu ficar de olhos fechados por mais de meia hora -obviamente. Agora, só eu e o Wim Wenders somos imbecis a esse ponto ou todo mundo 'brinca' disso quando criança mesmo?