quinta-feira, março 27, 2003

Novidade no rádio carioca

Não é para qualquer música. Este é o slogan da mais nova rádio carioca, a Rádio Paradiso FM (95,70). A rádio pertence aos empresários Calainho, Accioly e Luciano Huck, que já são donos da Jovem Pan carioca, mas agora estão apostando numa rádio exatamente oposta à Jovem Pan. Ou seja, uma rádio que não seguirá a moda (acreditem, Accioly e Calainho indo contra a moda. Isso deve estar na moda!)e que é voltada basicamente para um público de 25 a 40 anos.

É uma rádio claramente mais elitista e procura trazer uma programação mais "intelectualizada", aonde você encontra, por exemplo, um programa com uma hora de duração sobre cinema, apresentado pelo José Wilker. As músicas tocadas na rádio não são particularmente do meu tipo preferido, nem gosto dos apresentadores (Wilker, Ricardo Amaral, Hildegard Angel, etc) de determinados programas, menos ainda dos donos da emissora. Porém, acho fantástica a iniciativa de colocar no FM uma programação menos de "massa", poderia até mesmo dizer que é menos boçal do que a maioria das outras emissoras. É importante que haja esse tipo de espaço, para que tenhamos alguma opção além de funks; pagodes; axés; ou, pior ainda, bispos evangélicos fazendo exorcismo pelas ondas do rádio.

Escrevi ano passado um post justamente criticando a programação das rádios cariocas e das FMs em geral. Eu sou um apaixonado por rádio como veículo de comunicação e não somente como uma "vitrola". Acho muito pobre o uso do rádio somente como vitrola. Quando eu estou a fim de escutar música, eu boto os meus CDs, escuto minhas mp3, etc, não preciso ligar o rádio. Na maioria das FM, praticamente não há distinção entre os programas de uma mesma rádio; um locutor grita mais alto que o outro, um fala menos gíria, mas no geral é a velha fórmula da jukebox, que, a mim, não agrada nada. Nas rádios AM você até tem programas realmente, mas, infelizmente, seguem um mesmo padrão de mediocridade, com raras exceções. A única rádio que tem programas interessantes de cultura, informação, noticiários, esporte, etc, é a CBN, mas peca justamente pela falta de música, o que, às vezes, a torna um pouco massiva.

Justamente o fato de ter programas (de cultura, variedades, etc) com música entre os blocos, o fato de usar o rádio como veículo de comunicação, é uma das coisas que me chamou atenção para a Paradiso FM e, sinceramente, torço para que eles consigam (apesar de ainda praticamente não terem anunciantes) manter esse espaço menos "imbecilizante" no rádio e, principalmente, consigam contribuir para que o carioca crie o hábito de ligar o rádio para ouvir um programa que vá lhe trazer cultura e boas informações. Isso ocorre há muito tempo principalmente nos EUA, mas por aqui rádio só é ligado no engarrafamento. Assim como você liga a televisão para assistir ao Jô Soares, ou a um programa na GNT, você ligaria o rádio para escutar a um programa de qualidade e se entreter.

* * *


Enfim, é mais uma opção no dial (odeio essa palavra!) dos cariocas e, o que mais me agradou: uma aposta no rádio como veículo de comunicação. Menos um espaço no dial para pastores, axé, funk ou locutores se esganiçando.

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