O vizinho de cima

Morar em casa é uma maravilha. Principalmente por não ter vizinhos, que sempre são um problema, em especial os de cima. Isso é algo a ser pesquisado e analisado com muito cuidado: o porquê do vizinho de cima ser sempre muito mais inconveniente que os outros.

Todo apartamento de amigo que eu vou, o comentário é o mesmo: “Não liga, essa mulher que mora aí em cima é uma louca”. Na apartamento de um amigo meu, a velha que mora em cima tem altas crises durante a madrugada, quebra tudo, prantos e coisas do gênero e percebo que isso (vizinho de cima louco) é mais comum do que parece.

Aqui no prédio onde moro, todos aqueles que foram nossos vizinhos de cima têm características em comum: São sempre homens solteiros, estão sempre promovendo surubas e, principalmente, são completamente loucos.
Assim que vim morar aqui, há 17 anos, o vizinho era um diretor da Globo, muito famoso por sinal. O cara era o pior tipo de gente possível, completamente drogado, promovia altíssimas surubas, com direito a copos sendo atirados pela janela (e muitos batendo no nosso parapeito), cusparadas pela janela, muitos gritos e urros durante toda a madrugada, etc... Graças a Deus, este já pereceu de tanto que cheirou.

Depois, veio um cidadão que adorava arrastar móveis de madrugada. O que leva uma pessoa a arrastar móveis durante a madrugada? Sem contar que promovia altas surubas também. O atual está treinando para ir pro exército ou usa botas que pesam 10kg cada uma, pois o cara anda e parece que o teto vai desabar. É algo d’outro mundo. E também adora promover um ‘arrasta móvel’ às 4 da manhã. Mas não é dia sim, dia não; todos os dias é esta cerimônia.

Se todos os vizinhos de cima são loucos, só os moradores do primeiro andar é que têm a sanidade garantida, ou ainda, não colocada em dúvida.

*****

Mas ainda prefiro ficar com a hipótese de que não são loucos, apenas que as coisas que caem no chão, estão caindo na ‘cabeça’ do vizinho do andar debaixo e, por isso, o morador debaixo tem a impressão de que uma guerra está acontecendo no andar de cima.

Não é à toa que eu prefiro esta hipótese, moro no sétimo andar...