quarta-feira, junho 18, 2003

180 milhões de economistas

Sabemos que o brasileiro tem um pouco de médico e treinador de futebol. Há alguns dias que nosso povo tem mostrado uma nova característica: membros do Copom em potêncial. Com isso, nosso cotidiano perdeu muito de sua graça. Não se discute mais o escândalo Ox Bismarchi, nem se ouve mais falar do deputado Eurico Miranda, até mesmo Fernandinho Beira-mar anda por fora das rodas de botequim, gripe asiática então...ninguém nem mais sabe o que é. Todo lugar onde se vá o assunto é o mesmo: o que fazer com os juros?

A seleção brasileira está na França pronta para estrear na Copa das Confederações; mas ninguém toca no assunto, ninguém quer meter o bedelho no trabalho de Parreira, ninguém está discutindo a escalação. Até o dinâmico Orlando do requintado Cantinho do Leblon, entre um provolone à milanesa e um caldinho de feijão, anda especulando sobre a reunião do Copom.

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Logo mais será anunciada a decisão do Banco Central, mas, como o assunto está tão em moda, eu sugiro que Henrique Meireles promova um espetáculo digno de dar inveja ao FED. Tapete vermelho na porta para que nossos fantásticos técnicos entrassem sob as luzes dos holofotes da imprensa, até mesmo a CARAS cobriria o evento. Seria transmitido ao vivo pela Globo, com apresentação da Ana Paula Padrão e comentários de Rubens Edwald Filho, ops, esse é outro evento; comentários de Armínio Fraga. Flashes ao vivo de uma churrascaria onde figuras ilustres estariam assistindo ao evento e fariam seus comentários. O vice-presidente, José Alencar, depois de tomar alguns rabos-de-galo, sacaria sua garrucha e em alto e bom som falaria para que todos os microfones captassem: "Tem que baixar os juros! Esse Meireles é um frouxo! Na minha terra já teria levado bala! Eu sou Governo! Eu sou Governo!".

No dia seguinte, Leão Lobo, Hilde e Nelson Rubens divulgariam as fofocas do evento, as marcas dos ternos, a nova tendência para os nós de gravata, etc.

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Já que até o porteiro aqui do prédio já fez a sua fezinha, nada me impede de também fazer a minha: redução de 0,25% na Selic e viés de baixa. Vai abaixar, por uma decisão política; mas vai ser pouco pra parecer que foi técnica.

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