Vibre na freqüência certa
Outro dia eu estava morrendo de fome e resolvi ir comer uma carne (oh!) na Porcão. Mas como a verba estava curta, fui na de Copacabana, que é a "quilo" e muito mais barata. Por ser muito mais barata, vive sempre muito cheia, mesmo dia de semana -o caso. Só havia uma mesa de 2 lugares livre, e era exatamente entre duas outras mesas. Só que o espaço entre elas não passava de um palmo. Algo realmente horrível. Mas eu tava já tonto de fome, suando frio, e sedento por carne. Não iria pegar o carro pra ir a outro lugar, etc. Ficamos por ali mesmo.
Na mesa ao lado, tinha um casal “relaxado”. Relaxados, porém falavam muito alto. Foi inevitável escutar aquela aula de “magnetismo pessoal”. O rapaz, por volta de 30 anos, com uma belíssima barba 4 dias, estava munido de uma bolsa de crochê. Ela devia ter mais ou menos a mesma idade, não usava sutiã, os peitos no umbigo, uma belíssima saia pré-suja de fábrica e uma sandalinha havaiana. Aliás, sandálias havaianas são muito fashion hoje em dia. No meu tempo, eram usadas para lavar a calçada.
Até aí, tudo bem. Cada um se veste do jeito que bem entende. Era nítido que não eram muito chegados a um sabonete, mas não senti fedor, então não estavam incomodando. Até que o sujeito resolveu explicar, pro restaurante inteiro, como se dá o relacionamento entre as pessoas. Como é essa história de “afinidade”. Segundo ele, carisma, simpatia, é tudo bobagem. O que conta é a vibração da pessoa. E resolveu contar o caso de uma mulher que ele havia conhecido na faculdade.
O cidadão conheceu uma mulher na faculdade, e logo se deram muito bem. Viam-se quase todos os dias, o que era praticamente impossível (segundo ele) numa universidade daquele tamanho, mas eles sempre se encontravam mesmo que não marcassem encontro. Começou a rolar um affaire entre os dois e tudo estava indo muito bem. Havia uma forte ligação entre eles, ele percebia que a vibração deles era a mesma. Até o dia em que foram visitar os parentes dela em Brasília.
Lá chegando, ele a viu se transformar em uma pessoa má, e ela começou a vibrar numa freqüência muito distante da dele. Confesso que nesse instante comecei a imaginar a mulher tremendo dos pés a cabeça. Enfim, voltando ao caso: ele voltou ao Rio e nunca mais se viram, nunca mais se encontraram, mesmo que ela ainda continuasse a estudar naquela mesma universidade. Isso provaria a teoria das vibrações, pois, segundo ele, ficou muito claro que ela estava tentando vibrar numa freqüência, mas logo foi desmascarada -quando se encontrou no seu habitat natural- e se revelou de outra freqüência.
Pois é, meus caros. Quem me conhece imagina a minha indignação diante daquela situação. Mas a coisa não parou por aí.
A moça estava quieta, mas claramente estava impressionada com aquela história. Estava babando com a inteligência e sabedoria espiritual do seu companheiro. Foi quando ele falou: “Isso é científico. Não é que nem essas picaretagens que tem por aí não. Isso é provado cientificamente”. Nesse momento eu quase vomitei o que já havia comido. Então ele continuou: “Você sabe o que é um diapasão? É aquela coisa que músicos usam, aquele ípsilon enorme de metal que quando você bate em algum lugar ele vibra numa determinada freqüência. Pois é, vá algum dia em uma loja de instrumentos musicais e peça para ver dois. Pegue um em cada mão....bata um em alguma superfície e aproxime um do outro. Deixem eles bem próximos, mas sem tocá-los. Você verá que o que estava parado também vai começar a vibrar. É fantástico. É a prova que as moléculas da vibração passam pelo ar e atingem os outros!”.
Tive vontade de gritar para ele calar a boca, pois assim, quem sabe, ele não acabaria de entender o que estava começando a suspeitar: o som.
A partir de hoje vou tentar ficar vibrando numa determinada freqüência que deixe as minhas ondas exatamente opostas às ondas dele. De forma que elas se anulem, e, quem sabe por um milagre, eu não escute nada que vier das pessoas que vibrem na mesma freqüência daquele cidadão.
É insuportável essas figuras que ficam dizendo que suas picaretagens e ignorâncias são “cientificamente comprovadas”.
Outro dia eu estava morrendo de fome e resolvi ir comer uma carne (oh!) na Porcão. Mas como a verba estava curta, fui na de Copacabana, que é a "quilo" e muito mais barata. Por ser muito mais barata, vive sempre muito cheia, mesmo dia de semana -o caso. Só havia uma mesa de 2 lugares livre, e era exatamente entre duas outras mesas. Só que o espaço entre elas não passava de um palmo. Algo realmente horrível. Mas eu tava já tonto de fome, suando frio, e sedento por carne. Não iria pegar o carro pra ir a outro lugar, etc. Ficamos por ali mesmo.
Na mesa ao lado, tinha um casal “relaxado”. Relaxados, porém falavam muito alto. Foi inevitável escutar aquela aula de “magnetismo pessoal”. O rapaz, por volta de 30 anos, com uma belíssima barba 4 dias, estava munido de uma bolsa de crochê. Ela devia ter mais ou menos a mesma idade, não usava sutiã, os peitos no umbigo, uma belíssima saia pré-suja de fábrica e uma sandalinha havaiana. Aliás, sandálias havaianas são muito fashion hoje em dia. No meu tempo, eram usadas para lavar a calçada.
Até aí, tudo bem. Cada um se veste do jeito que bem entende. Era nítido que não eram muito chegados a um sabonete, mas não senti fedor, então não estavam incomodando. Até que o sujeito resolveu explicar, pro restaurante inteiro, como se dá o relacionamento entre as pessoas. Como é essa história de “afinidade”. Segundo ele, carisma, simpatia, é tudo bobagem. O que conta é a vibração da pessoa. E resolveu contar o caso de uma mulher que ele havia conhecido na faculdade.
O cidadão conheceu uma mulher na faculdade, e logo se deram muito bem. Viam-se quase todos os dias, o que era praticamente impossível (segundo ele) numa universidade daquele tamanho, mas eles sempre se encontravam mesmo que não marcassem encontro. Começou a rolar um affaire entre os dois e tudo estava indo muito bem. Havia uma forte ligação entre eles, ele percebia que a vibração deles era a mesma. Até o dia em que foram visitar os parentes dela em Brasília.
Lá chegando, ele a viu se transformar em uma pessoa má, e ela começou a vibrar numa freqüência muito distante da dele. Confesso que nesse instante comecei a imaginar a mulher tremendo dos pés a cabeça. Enfim, voltando ao caso: ele voltou ao Rio e nunca mais se viram, nunca mais se encontraram, mesmo que ela ainda continuasse a estudar naquela mesma universidade. Isso provaria a teoria das vibrações, pois, segundo ele, ficou muito claro que ela estava tentando vibrar numa freqüência, mas logo foi desmascarada -quando se encontrou no seu habitat natural- e se revelou de outra freqüência.
Pois é, meus caros. Quem me conhece imagina a minha indignação diante daquela situação. Mas a coisa não parou por aí.
A moça estava quieta, mas claramente estava impressionada com aquela história. Estava babando com a inteligência e sabedoria espiritual do seu companheiro. Foi quando ele falou: “Isso é científico. Não é que nem essas picaretagens que tem por aí não. Isso é provado cientificamente”. Nesse momento eu quase vomitei o que já havia comido. Então ele continuou: “Você sabe o que é um diapasão? É aquela coisa que músicos usam, aquele ípsilon enorme de metal que quando você bate em algum lugar ele vibra numa determinada freqüência. Pois é, vá algum dia em uma loja de instrumentos musicais e peça para ver dois. Pegue um em cada mão....bata um em alguma superfície e aproxime um do outro. Deixem eles bem próximos, mas sem tocá-los. Você verá que o que estava parado também vai começar a vibrar. É fantástico. É a prova que as moléculas da vibração passam pelo ar e atingem os outros!”.
Tive vontade de gritar para ele calar a boca, pois assim, quem sabe, ele não acabaria de entender o que estava começando a suspeitar: o som.
A partir de hoje vou tentar ficar vibrando numa determinada freqüência que deixe as minhas ondas exatamente opostas às ondas dele. De forma que elas se anulem, e, quem sabe por um milagre, eu não escute nada que vier das pessoas que vibrem na mesma freqüência daquele cidadão.
É insuportável essas figuras que ficam dizendo que suas picaretagens e ignorâncias são “cientificamente comprovadas”.
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