sexta-feira, outubro 15, 2004

Recuperando o tempo perdido

Esta semana não foi muito boa, é verdade. Uma série de fatos desagradáveis que me fez sair o maior tempo possível de casa a fim de não enlouquecer. Aliás, acho que, se correr não cansasse tanto, eu teria passado os últimos cinco dias dando a volta na Lagoa. É o melhor remédio para a ansiedade e angústia por não ter o que fazer para tentar melhorar as coisas. Como ainda não sou o 'nosso campeão' Wanderley (como diria Galvão), a corrida consome no máximo uma hora e pouco do meu dia. Contando a preparação e depois a volta pra casa e banho, deve dar umas duas horas. Mas ainda tem mais vinte e duas para ocupar. Se juntarmos as duas horas da corrida, que são completamente improdutíveis (intelectualmente falando), com as sete horas de sono, temos nove horas do mais profundo desperdício. Se chegar aos oitenta anos, terei passado 30 só nesse ócio mental. Portanto, tento ocupar as outras horas com atividades, digamos, mais intelectualmente ativas -ah, esqueci de subtrair lá na conta o tempo que perco escrevendo aqui também! Tenho ido muito ao cinema, uma das coisas que mais me agrada na vida definitivamente é ver filmes no cinema.

Só esta semana fui ver "O Terminal", "Fahrenheit 9/11", "A Vila" e hoje assisti ao "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças".

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O Terminal eu achei bem fraquinho e creio que seja no mínimo uma tremenda pretensão classificá-lo como comédia (como fizeram nos jornais). Não se trata de uma comédia. Você deveria achar graça em comédias, não é o caso. Mas também não é um filme horrível. Tom Hanks mais uma vez faz valer a pena ir ao cinema. Spielberg mais uma vez faz um filmeco para vender pipoca.

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Fahrenheit 9/11 é um bom filme, não traz nenhuma grande surpresa. Foi especialmente engraçado e interessante assistí-lo logo em seguida a publicação do relatório que desmente a presença de armas de destruição em massa no Iraque. No filme mostra aquelas cenas patéticas do senhor Colin Powell 'mostrando', no conselho de segurança da ONU, as fotos de satélite que provariam a presença de tais armamentos no Iraque. Lembro-me que fui um dos que esperniaram contra aquela palhaçada. Aliás, Israel tentou aprontar uma parecida outro dia, quando disse que terroristas palestinos contavam com apoio da ONU para transportar mísseis, ao mostrar imagens de um sujeito levando uma coisa para um carro das Nações Unidas. Depois o próprio governo israelense reconheceu que se tratava de uma maca.

O filme fica muito atrás de Bowling for Columbine, mas, ainda assim, é muito interessante. Assisti no Laura Alvim novamente! Pelo menos desta vez foi na sala 1, bem melhor que a que eu tinha assistido ao filme de Woody Allen. Essa até te faz pensar que você está em um cinema. Tá bom, precisa de muito boa vontade, mas já lembra um cinema. Se não um cinema, pelo menos um telão com um bom som. Ah, sim, a poltrona é pior que do elevador lá com telão, é verdade. Mas não dá para exigir muito, né? Estamos no Laura Alvim e eu estou sem bolsa a tiracolo.

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A Vila foi um caso à parte. Tinha que resolver uma série de coisas pela Barra e tava a fim de ir ver algum filme. Aproveitei que o filme está passando lá no Downtown (Barra e seus nomes em inglês...) e fui assistí-lo à noite. Foi bom porque passei na Fnac, comprei algumas coisas interessantes e aproveitei para renovar meu cartão, que dá uma série de descontos e, em compras acima de 50 reais, te isenta do estacionamento do shopping, que não era pra ser cobrado nunca, afinal, quem vai parar no estacionamento do Barra Shopping para fazer algo que não seja consumir? Ok, tem aqueles que, devido à crise, estão sem dinheiro para Motel, mas convenhamos que não é gente suficiente para causar problemas de vagas por lá. Por outro lado, é impossível (está bem, impraticável talvez seja mais indicado aqui) ir ao Barra Shopping por outro meio de transporte que não seja carro. De taxi é caríssimo e de ônibus...bem, só tem como ir de carro mesmo. Aliás, vira e mexe aparece alguém na TV dizendo que é proibido cobrar estacionamento em shoppings. Eu acho errado ser proibido. O espaço é do cara, ele cobra o que quiser. Isso deveria simplesmente ser uma questão de querer agradar ao cliente. Mas ainda não pensam assim...

Ah, o filme, né? Bom, a Japa me disse pra ver o "A Dona da História", que era legalzinho. Ela viu "A Vila" e não gostou muito. Matei o filme logo na metade, daí fica chatão -disse ela. Até pensei em levar a opinião dela em consideração, mas A Vila está para sair de cartaz (provavelmente hoje não estará mais) e tem gente que viu e gostou. O "Dona da história" tem uma série de fatores que me distanciam dele. O primeiro é ser filme nacional. Ok, sou preconceituoso, americanizado, que mais? Enfim, lamentavelmente, a princípio filme nacional é ruim sim; mas, se você é leitor há algum tempo, sabe que tal preconceito não me impede de vê-los. O que realmente atrapalha é o senhor Daniel Filho na direção. Isso aí é dureza. Que nem Jaime Monjardim em Olga; não dá. Ah, outro fator também é que a Japa tem um péssimo gosto para filmes. Sempre elogia coisas que eu detesto. Portanto, lá fui eu ver "A vila", mesmo com ela falando "você vai sair xingando do cinema!".

Mais uma vez o gosto dela bateu com o meu -diametralmente oposto. Achei o filme interessantíssimo. E não tinha matado o filme logo na metade, tal como fez a parente da Sato. Talvez a razão seja justamente os olhos puxados. Eu não tenho a inteligência deles -haja vista que no ITA, por exemplo, você só entra se tiver o olho puxado.

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Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças foi um dos melhores filmes que vi no ano. Achei muito bom. É do mesmo autor de "Quero ser John Malkovich" e tem elementos muito semelhantes, bons atores, uma excelente idéia e aquela espécie de 'surrealismo' que marcou o 'Quero ser John Malkovich'. É verdade que dá uma certa impressão que o diretor pudesse ter trabalhado melhor a idéia, que é muito legal. Jim Carrey, de quem não gosto, está muito bem. Sem gritinhos, pulinhos e caretas ridículas. Ele é capaz disso -já tinha provado em Man on the Moon e Truman Show-, mas pelo jeito ainda vende mais fazendo O Máscara... O filme é verdadeiramente bonito, sem ser piegas.

Assisti ao filme no Instituto Moreira Salles, lá na Gávea. Nunca tinha ido lá. Fiquei muito impressionado, o lugar é fantástico. Se você nunca teve a oportunidade de ir, vá! É muito bonito, limpíssimo, funcionários deveras educados, lugar muito civilizado, coisa de primeiríssimo mundo. Nem parece que você está no Brasil (pedras novamente!), quanto mais no Rio de Janeiro, a poucos metros da Rocinha. Eu conheci só uma parte minúscula do instituto, pelo que pude ver nos folhetos que peguei lá. Já penso em voltar lá para conhecer o resto. Fiquei realmente impressionado pela qualidade do lugar. Pena que é tão pouco divulgado. Manter aquilo ali é tarefa só mesmo para os Moreira Salles. Aliás, só quando voltei pra casa fui me lembrar que cliente Uniclass tem 50% de desconto no ingresso. Brilhante! Enfim, mais uma opção muito bacana de cinema. Muito melhor do que qualquer shopping, diga-se de passagem.

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Eu não sei muito bem o motivo, mas velha adora chegar muito atrasada nas sessões. E hoje umas foram lá pra trás e passaram o filme inteiro remexendo uns papéis de bala. Ah, que ódio! Será que, com a experiência de vida, os dez primeiros minutos de filme se tornam dispensáveis para o bom entendimento da obra?! Pode ser. Eu ainda não consigo deixar de assistir aos dez primeiros segundos...

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